sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Comunicação da Ciência como Tecnologia Social para a Educação Ambiental 1-2


A importância das pesquisas para a sociedade é tema recorrente nos estudos sobre a comunicação da ciência, não só daquela tecnologia que diz respeito ao seu usuário direto, como das que, por seu alcance social, impactam sobre toda a sociedade. Estamos falando de uma sociedade que vive uma dualidade em relação a sua sobrevivência. De um lado a necessidade de produção de alimentos e matérias-primas e ao mesmo tempo de uso equilibrado dos recursos naturais.

Equilibrar o passivo social e o ambiental gerado em alguns sistemas de produção em larga escala com as necessidades de garantir a existência de bilhões de pessoas do Planeta e das gerações futuras é o desafio que está colocado para as instituições de ensino e pesquisa. Uma das dificuldades percebidas no processo entre a geração da tecnologia e a sua aplicação é quanto à forma de comunicação, de modo que ela, a tecnologia, cumpra o seu papel de produzir transformações na natureza e nas relações sociais.

A Rede de Tecnologias Sociais (RTS) atada pela Fundação Banco do Brasil, em janeiro de 2005, é considerada o berço da mobilização nacional para debater a transferência de tecnologias sociais, bem como articular e difundir informações sobre as tecnologias sociais já existentes e aquelas que ainda deverão ser criadas.
O conceito adotado pela RTS concebe Tecnologias Sociais como produtos, técnicas e/ ou metodologias reaplicáveis, desenvolvidas na interação com a comunidade e que representem efetivas soluções de transformação social. A ideia inicial foi priorizar a replicação de tecnologias com foco na geração de trabalho e renda. Posteriormente, o conceito agregou concepções e ampliou-se a atuação da RTS, visando atender necessidades sociais identificadas no campo da capacitação, educação, empreendimentos econômicos solidários, moradia rural, biossistemas e agroecologia.

Comunicação da Ciência como Tecnologia Social para a Educação Ambiental 2-2


Em 2009, o programa de rádio Prosa Rural, produzido pela Embrapa Informação Tecnológica, em Brasília, foi indicado como uma das cinqüenta melhores experiências na área de tecnologia social, desenvolvidas no Brasil. Também na categoria de TS para a Educação se enquadra a metodologia de produção de videoclipes ambientais desenvolvida pela Embrapa Rondônia, lançada em 2009 na Mostra de Tecnologias Sociais promovida pela Prefeitura de Porto Velho.
Criada por meio do “Com.Ciência Florestal”, nome síntese do projeto de comunicação da ciência florestal, financiado pelo Programa de Proteção das Florestas Tropicais (PPG7). Trata-se de uma metodologia de educomunicação cientifica e ambiental que utiliza música amazônica na produção de videoclipes, linguagem audiovisual de grande aceitação junto ao público jovem.
Caracteriza-se por um conjunto de iniciativas que mobilizou escolas e alunos, técnicos e educadores ambientais para refletir sobre “o que a ciência faz e o que a sociedade pode fazer?” para minimizar os impactos ambientais. Nas oficinas para produção de tecnologias de comunicação multimídia (spots radiofônicos e videoclipes) fez-se reflexões sobre os problemas ambientais e o papel das instituições de pesquisa.
Essa abordagem visou mudar o foco da relação instituição de pesquisa e sociedade, na qual, esta é apontada como promotora da degradação ambiental e a primeira como responsável pelas soluções. Bem como minimizar o maniqueísmo presente nos discursos ambientais. A mesma sociedade que cobra das instituições de pesquisa, especialmente do setor produtivo, a manutenção das condições ótimas de sustentabilidade ambiental, precisa se posicionar e agir, e, sobretudo saber como agir.
O ano de 2011, declarado pela Organização das Nações Unidas - ONU como o Ano Internacional das Florestas, pode ser uma grande oportunidade para que tecnologias sociais de comunicação e educação possam ser colocadas em prática para auxiliar na conscientização da sociedade sobre o papel decisivo que as florestas desempenham no desenvolvimento global sustentável.