A prática educomunicativa de produção coletiva de videoclipe ambientais com o uso de música amazônica foi o tema do artigo apresentado dia 09 de agosto, no VIII Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura, que se encerra nesta sexta, na UFBa, Salvador, BA.
A apresentação do trabalho no evento foi feita pela jornalista e cantora profissional Carla Fernades, em artes Carla Visi, que é co-autora do trabalho, que tem como primeira autora, Vânia Beatriz de Oliveira, pesquisadora da Embrapa em Rondônia.
O trabalho descreve o processo de interação de educadores ambientais ao interpretar o discurso literário da música Canto dos Castanhais, de autoria dos amazônidas Val Milhomen e Joaosinho Gomes (autores) e Juliele (interprete) e realizar inferências, com a finalidade de produzir um videoclipe que imprimisse um discurso de valorização dos produtos e da atividade de comunidades extrativistas da castanha-do-brasil (Bertholletia excelsa) na Amazônia.
Carla Visi e a música na educação ambiental
A artista é uma militante das causas ambientais e apoia as iniciativas que envolvam o uso da música na educação ambiental, tendo apresentado um relato de suas experiências. No carnaval do ano 2000, em Salvador, ela apoiou a execução da música Cata Lata , que acabou por mobilizar os foliões, sobretudo os jovens para solidariedade com os catadores de lata.
A música “Matança”, do compositor Jatobá, por ela interpretada, foi utilizada por Vânia Beatriz, para estudo em grupo sobre a biodiversidade florestal, no assentamento Nilson Campos, em Jacy Paraná, distrito de Porto Velho, em Rondônia.
Referida música compõe o repertório do seu show “Canto para Natureza”, produzido no inicío dos anos 2000. O show apresenta-se como uma possibilidade de comunicar mensagens ambientais a diversos públicos que gostam de música, tendo o palco como canal e a música como suporte de comunicação, para mostrar a importância da natureza como fonte de vida e inspiração. Segundo Carla Visi, o eixo principal do projeto “Canto para Natureza”, é a força que as letras, melodias e arranjos têm para tocar as pessoas, possibilitando a conscientização sobre a preservação do meio ambiente e a sustentabilidade.
A seleção do repertório privilegia esse tema e abrange diversos ritmos e estilos. ”A idéia é unir o prazer de cantar com a possibilidade de através da música tocar o coração das pessoas e despertar o interesse por um tema cada vez mais constante na pauta jornalística, no entanto, muitas vezes sem produzir mudanças efetivas de comportamento” conclui a cantora.
Música e Ciência
O uso de música na educomunicação científica e ambiental em atividades de sensibilização para as questões ambientais é uma prática educomunicacional socioambiental, que vem sendo difundida pela pesquisadora Vânia Beatriz, em oficinas que reune alunos, professores, educadores ambientais, para, por meio de um processo interativo e diálogico, promover a discussão e a formulação de discursos ambientais, tendo como suporte, por um lado, o discurso literário das letras de músicas, em especial a de artistas da Amazônia; e por outro o da ciência, representado pelo discurso científico dos resultados de pesquisas.
Esta atividade está relacionada às ações de capacitação para as boas práticas de manejo da castanha-do-brasil, uma das atividades desenvolvidas por meio do Projeto Kamukaia, rede de pesquisa na Amazônia, coordenada pela Embrapa, que visa gerar resultados úteis para a implantação de planos de manejo sustentável de produtos florestais não madeireiros (PFNM).
O responsável pela emissão do parecer que aprovou o trabalho para a apresentação oral no evento disse: “o trabalho propõe uma abordagem atualizadissima referente as questões ambientais” e recomendeu sejam aprofundadas as discussões sobre o tema, diante do discurso médiatico contraditório e pouco combativo.
Vânia Beatriz, disse esperar que educadores ambientais interessados em desenvolver produção audiovisual, possam adotar a metodologia dessa prática educomunicativa como um referencial para as suas atividades. Bem como difundir informações que venham a contribuir não só com a valorização do extrativismo não madeireiro, mas também para a valorização e o reconhecimento da cultura musical de cada região do País.